14 de dezembro de 2004

Decalques da hipocrisia ou o a propagação desmesurada do síndromus ambiciosus na condição humana.

Ou será...

O síndromus ambiciosus derramado no funcionalismo público e a sua incompatibilidade com os “trabalhos” que exigem um chamamento. Uma vocação.

Sintomas:
Aspiração a qualquer coisa.
A ascensão na carreira a qualquer custo.
A “cunha” e o tráfico de interesses que imperam mesmo nos locais onde estes não podem existir. Os compadrios não familiares. Cumplices na desonra.

Breve descrição do síndroma:
Um infectado pelo síndromus ambiciosus no sector privado, acaba um curso, e vocacionado para tal, aspira a obter um emprego, de preferência dentro da especialidade que estudou.
Cerca de um ano após a entrada, e dominando as entranhas da empresa, aspira a subir na hierarquia e/ou, como não poderia deixar de ser, a ver o seu salário multiplicar-se.
Ano após ano, estes interesses serão sempre o objectivo primeiro. Mesmo que isso signifique mudar-se para a concorrência e atraiçoar por diversas vezes os valores das instituições que o fizeram crescer no sector... e/ou os seus mestres.
Fama e poder procuram-se.
...
Agora imaginemos estes mesmos deambulantes seres a cumprir funções em locais de vocação... onde a fé e a dedicação têm necessariamente que predominar.
A ascensão na carreira e o aumento de salários são também objectivos primeiros, antes da verdadeira função, antes de se dominar a acção presente... mesmo que para isso, não se decida, não se contrarie, não se controle, não se estude, não se trabalhe, não se ame, não se sofra, não se ataque, não se defenda, não se assuma, não se erre, não se sacrifique, não se chore, não se ria, não se cumpra. Em suma...
não se exista.
De tão paupérrima índole que apenas declare importante o título, o salário e o protagonismo.
E para isso não pode existir.
...
Masturba-se com o dr. adiante do seu pobre nome...
pobre nome.
Defende que a nobreza de sentimentos não passa de uma simples infâmia aos seus objectivos.
Esqueceu que existe.
Esqueceu o que faz... o que é ou o que foi.
Voltem os que foram acusados de excesso de protagonismo mas que vivem aquilo que fazem.
Que existem.
E que motivam os que por cá andam...

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Zudan: como escreve, até parece um funcionário desalentado, mas com amigos. Se anda às voltas com as velas e o vento não as enche, sugiro que, provisoriamente, faça "body-board" nas ondas, já que me parece que você não é de jogos de cintura.
Animus.

zudan disse...

Não é o desalento que me ocupa o ser caro amigo, mas a revolta. Grato pelas suas palavras.