29 de setembro de 2004

E agora tomem lá uma explosão de revolta e certezas...


Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.

Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos à boca
e viesse o que viesse.

Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.

António Gedeão

Muito giro. Mesmo muito giro.

Imaginemos um sítio… tipo sítio do pica-pau amarelo ou a quinta do Charles Manson… qualquer coisa assim… tipo…
qualquer coisa…

Um burgo, dito, normal.

Um local onde os políticos, são políticos…
Um local onde os Homens não são homens e as Mulheres não são mulheres.
Um local onde a incompetência tem como resultado um bom prémio.
Um país onde os criminosos tem muitos direitos…
Um sítio onde os que tem alguma coisa na cabeça, opinam por pouco tempo, pois são absorvidos pelo peso das máquinas onde estão inseridos.
Um sítio onde as listas não são listas.
Os computadores não computam.
Os ministros não ministram.
Os presidentes não presidem.
… e os jornalistas são tão jornalistas que cobrem a cara dos criminosos com quadradinhos, colocam-lhes a voz do Dark Vader e espetam na tela a cara dos Polícias e dos Magistrados.

Mesmo muito giro.

Um local onde a objectividade se perdeu se é que alguma vez existiu.
Onde o umbigo de cada um será o próximo objectivo a seguir à cabeça do próximo.
Um local onde há os importantes intervenientes de um crime e os que não são tão importantes intervenientes do mesmo crime noutro sítio qualquer.
Um local onde homens e mulheres matam as suas crias e onde estas acções são utilizadas para subir as cotações em bolsa de empresas ligadas ao ramo das comunicações.

(agora em jeito de poema)

Um sítio que tem prisões sem ter celas.
Hospitais sem medicina.
Tem lares sem telhados.
Casas sem paredes.
Escolas sem disciplina.
"Quintas" sem muros.
E gajos tão burros...
...
Tem famílias que não se vêm durante semanas, meses e anos.
Onde a riqueza não está dividida e o dinheiro é o bem número um.
Um lugar onde exigem coisas em troca de vidas.

Esse lugar não existe.

Eu é que acho que vou vomitar,

… tal a moléstia que invade a minha imaginação.


In Cabeça de Zudan - A Europa, Portugal e o Médio Oriente todos no mesmo saco.
Edições Lingua Viperina.

21 de setembro de 2004

18156

O novo número da pornografia à portuguesa.
São Euros.

Mira que reforma tão cheia de “fetiches”…

Apetece-me dizer uma asneira… pronto já disse.

156 deve ser o número para as gorjetas…

ESTÁ A SAQUE... acho que já disse isto.

É ouvir falar um compositor de Jazz e compreende-se o esfriar da pele, quando os primeiros acordes surgem de um qualquer instrumento imaculado por esta disciplina musical.
É o eterno “murmurar” a tocar.
Um discurso irrepetível e sempre pulcro.
Mesmo que alguém, no planeta inteiro, conseguisse possuir toda a discografia de um dos muitos mestres desta arte, não teria sequer um por cento da totalidade da obra deste.
Cada gravação é, no Jazz, como uma fotografia de circunstância. Única.
Não há pautas nem regras (poucas); só conta o estado de entendimento e a clareza do espírito.
Como quando se agarra naquele caderninho preto para escrever o que nos vai nas entranhas e não se consegue… porque não se está suficientemente triste, ou contente, ou descrente.
Aquele caderninho também não ajuda, ouve ou responde, apenas está com aquilo que se escreve.
… Como temos que estar com o que se ouve.
Não percebo muito da coisa.
Mas… e é preciso?

Numa última e (quase) cómica análise: (hehehe)

A Cuba (sim a nossa pacata Cuba alentejana) é a vila responsável pela guerra no Iraque.

A Cuba alentejana é que deu o nome à ilha de Cuba.

Foi um Português (de Cuba) que descobriu a América.

Disparates ?…

E se Cristóvão Colombo fosse português da Cuba alentejana…

http://www.apol.net/dightonrock/artigos_sobre_colombo.htm


17 de setembro de 2004

"...What the hell were they thinking anyway...? "

Dois bips eternamente à espera de uma chamada…
Duas criaturas eternamente à espera de uma resposta…
Duas pessoas eternamente à espera de outrem…
Dois passos.
Dois tempos.
Dois destinos.
Dois caminhos.
Dois propósitos.

Um desiste.
Outro cumpre.

...

O ónus de um sistema.
Os uns.
Os outros.

Os que tem identidade.
Os que estão por estarem.

Os que vão ser lembrados.
Os que simplesmente, não.

Os que olham para o céu.
Os que olham para o dedo a apontar o céu.

...

Os que tem um objectivo.
E os que não.

Os que tem responsabilidade.
E os que não.

Os que tem uma legação.
E os que não.

Os que cumprem e defendem os seus valores e sonhos.


E os que não podem.


“ O Terminal” de Steven Spielberg e outros “filmes”.

16 de setembro de 2004

“ De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo. “

Vinicius de Moraes


Estranho quão comparável pode ser a tua realidade.


15 de setembro de 2004

Foi criado para servir de buffer.
Decidi quebrar a regra com a excepção, e recebi a mensagem de amizade e apreço que me fez corar e enroscar o peito para dentro, como se de um fruto a murchar se falasse.
Não vou dizer onde nem como. Correria o risco de rapidamente perder o meu buffer em estado selvagem...

When I pronounce the word Future, the first syllable already belongs to the past.
When I pronounce the word Silence, I destroy it.
When I pronounce the word Nothing, I make something no non-being can hold.

Wistawa Szymborska, in Poems New And Collected


Obrigado ao "Linkador" dos Tempus.

Falávamos sobre qualquer coisa…
Surge o tema do conhecimento de causas por contacto directo.
A incompetência e a incoerência de atribuições de cargos directivos a “gente” que nunca apanhou pulgas.
Continuamos a ser comandados por timoneiros sem experiência…
O ritmo descompassado é absolutamente revoltante e desmotivante.
Diz-se para aí que 60% do orçamento da nação é para alimentar a máquina estatal…
Diz-se para aí que os cargos directivos desta máquina são quem ganha mais… e quem faz menos…
Diz-se para aí que o que fazem vem escrito num manual moralmente plagiado… e adaptável a todos os motores…


E a opinião… bom um subalterno não acha nada… e se achar devolve porque não é dele…

13 de setembro de 2004

9/11

… E fez-se silêncio em nome de um deus (com letra pequena), que não é de certeza o meu Deus.
… Três anos depois…
… Continua-se a emudecer um Mundo em nome do mesmo deus e de um mundo mais seguro que também não é o meu mundo e muito menos... seguro.
… até quando?


10 de setembro de 2004

Na música podemos descrever o que somos, o que sentimos, o que defendemos, o que proclamamos, o que nos revolta, o que amamos…


Perdi um amigo. Adormeceu em férias e já não acordou.
A Escócia está mais pobre e mais triste.
Cheers to you Malcolm.
See you in a while my friend.


Mais uma vez sem saber o que fazer, coloquei um mp3 no meu computador e descobri pela 10020039480 vez o fabulozo hino à tristeza de Enio Morricone.
O tema principal do filme Cinema Paradiso.


A lágrima correu.
Do início ao fim. Percorreu toda a trajectória…
Os arrepios e o choro misturado com a impotência declarada de uma vida tão frágil ténue e ingrata.


A capacidade de estar sozinho e ao mesmo tempo tão acompanhado.


Que a amizade não acabe.

9 de setembro de 2004

A novela de um barco que é um autêntico Aborto


Três frases sobre este fenómeno produzido e realizado por Comunicação Social, produções fictícias, S.M.L (sociedade muito limitada).

1- Portugal não possui já uma lei sobre esta matéria em determinadas condições?
2- Não foi já efectuado um referendo (expoente máximo da democracia num estado de direito) sobre esta matéria?
3- Não é Portugal um estado soberano?

Qualquer dia… ( frase familiar ) criam um barco para venda itinerante de cocaína e sintéticos … hum… O que diriam nessa altura os defensores do Qualquer coisa DEEP, que quer dizer “estamos bem no fundo da razão”… em inglês… ( e que na verdade do processo de interrupção voluntária da gravidez, percebem MESMO muito pouco…)

5 de setembro de 2004

O poder de alterar sentimentos, estados de espírito, faces.
O poder de umas notas de música na escala perfeita.
O poder de ser bela e arrepiante.
O poder de ser intemporal.


Air on G String
Bach

A Música.