26 de abril de 2005

"Mário de Sá-Carneiro não teve biografia: teve só génio. O que disse foi o que viveu."

Fernando Pessoa

Vende-se Gin Tónico "Adversidades".

Para embriagar o espírito e dissolver as sessões de psicanálise.

Equivalente a dois livros de Kafka ou a um tratado de Nietzsche.

Entrar no Gin Tónico "Adversidades", é entrar na incerteza de estar vivo.

Não aconselhável a pobres de espírito e a viciados em Prozac.

- Nesta casa há gajos com pancadas para todos os gostos...

E continuou a justificar o porquê de ouvir aquela música cada vez que havia “concerto”.

In “outras merdas da vida de Zudan”

***
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pra qualquer fim
Um a gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação

Zeca Afonso

25 de abril de 2005

31 anos.

Idades.

31 anos.

E o nosso dia que não chega.

25 de Abril.

E o nosso dia que não chega.

25 de Abril.

Um dia daqueles.

Em que a utopia deu lugar ao excesso e ao degredo.

Dia da Liberdade.

O que fizemos daquele dia ?

O que fazemos com aquilo que nos deu ?

Dia da Liberdade.

E o nosso dia que não chega.

18 de abril de 2005

Ahmad Jamal em big Byrd.
Uma boa banda sonora...
Para outros mergulhos e noutras músicas...
...
Parabéns Amigo Lobo pelo MERECIDO prémio.

http://www.caminhos.info/

...
Um prémio para os Sonhos...Daquele que também ousa sonhar...
embora em constante Apneia.

12 de abril de 2005

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

David Mourão Ferreira

Só porque é bonito...

11 de abril de 2005

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errónea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

Fernando Pessoa, 1931.

10 de abril de 2005

"Navigare necesse; vivere non est necesse"

...
A sinceridade é inimiga da afeição e do apego?
Será tão difícil tentar ser sincero com quem queremos bem?
...
Correm-se riscos. Vários.
Coisa que a libertinagem não discute nem pensa.
...
Riscos.
O da compreensão e o do entendimento.
...
Quem compreende pode não entender.
Que entende pode não compreender.
Há que não queira compreender.
Há quem não queira entender.
Há quem compreenda e não queira entender.
Há quem entenda e não queira compreender.
...
Há quem compreenda e entenda e não queira saber.
E estes... normalmente...
Só vão perceber...
Mais tarde... muito mais tarde.
Às vezes tarde demais...
...
Quando a raiva se mistura com a acção... e a razão desaparece.

2 de abril de 2005

Acabou.
Terminou um ciclo.
O mundo enlutou-se pela morte do único político cumpridor e sério.
A Igreja chora.
Será talvez a entidade que menos perdeu.
Dentro em breve um novo Papa substituirá João Paulo II.
A Humanidade perdeu o último símbolo da humildade.
Karol Wojtyla, O Peregrino fazedor de pontes.

1920-2005