23 de julho de 2010

Hoje acordei num túnel.
Escuro e envolto numa névoa traiçoeira, sem saber para que lado é mais perto atingir a tão ansiada luz que acosso.
Sinto-me mal, estou a ir pelo seguro…
(nunca fui, sempre fui pelo que sinto)
Mas pela primeira vez passa por mim decidir o lado para onde devo correr.
Inocento as torturas que me fazem no primeiro instante.
Mal. Dói.
Mas desculpo tudo de uma forma simples e quase instantânea.
Seja qual for a intensidade da malvadez, ultraje ou simples pancada.
Mesmo as que não são simples.
Neste túnel não há agressões.
Há os fantasmas do que acumulei, ouvi e sofri neste últimos oito anos.
Oito anos…
Em 2920 dias, pensei em tudo.
(mesmo tudo)
E conclui que afinal o túnel é o trilho que conheço há exactamente 70080 horas.
Não vejo luz.
Há buracos na rocha por onde passam alguns raios de claridade…
O resto tem sido apenas a tentativa de ver a luminosidade… de tanto acreditar… de tanto querer.
Decidi não querer mais.
Decidi não admitir.
Decidi não acreditar.
Mas continuo a andar…
Hoje reservo-me no direito de contar os minutos.
Hoje reservo-me no direito de não confiar em quase todas as palavras que ouço.
Porque não vejo luz…
Nem sinal dela…
Vejo desrespeito, desumanidade… e escuro.

Amanhã já não sei…

22 de julho de 2010

Sentado.
...
Arde.
Queima.
o sal, nas águas
vindas de mim.
Mostra-me as úlceras...
Abertas...
Agudiza-me o gemer...
...
Cravos, navalhas e espinhos...
Abrasam-me o interior...
...
Fico...
apodrecendo...
O sal, nas águas
vindas de mim.
Mostra-me o bolor...
no corpo...
decomposto...
Carcome-me a carne...
Lentamente...
...
Fico...
...
Sentado no chão frio.
Mudo.
Deitado.
Fetal.
...
Fatal.