23 de outubro de 2010

A lua está baixa.
Espreita-me o âmago com a necessidade de escrever algo que prometi em tempos.
Juramento.
Merece uma noite em branco com o altruísmo de perder minutos do sono perturbado que insiste em permanecer.
Naquele instante a lua (cheia para variar) devolveu-me o quarto e apenas me ofereceu o frio da madrugada.

***
Recorda o efeito da foto que tiraste antes do tempo decidir não se fazer esquecer.
Que o esquecer se fará de seguida, no amanhã, no que julgo ser uma prova da resistência do ser.
Enfrentar uma luta contra algo que nos impede de projectar a lua seguinte, sem reflectir no que bom o sol nos dá, constrói-nos.
Oferece-nos a Vida.
Aparece de surpresa e sem perguntar porquê.
Quando menos esperamos.
Quando tudo está bem. (e nos encontra a desistir).
Estica-nos a mão e apenas diz porque sim.
Porque é assim.
Porque fomos escolhidos para subir um degrau na escala da humanidade e este passo não permite retorno.
O prazer de ser empurra-nos para um teste e não aceita desistências.
O prazer de ser, esconde-se no sofrimento e na alegria de viver.
O extremo da felicidade disfarçada, ocultam a luta constante que cada um tem que ter com o teste que nos foi entregue.
Dá-nos "idade", vida e experiência.
Sem o acre como apreciaremos o sabor do mel?
Mas... como o mau pode ser bom?...
E se o mau e o bom estivessem os dois nus a olhar para a forma como combatemos as dificuldades?
– e sussurrassem entre olhares cúmplices –
(Espera para ver quando este superar a sua prova. Imaginas a felicidade?)
O bom e mau a troçar com a nossa evolução.
Basta, recordar o efeito da foto que tirarás quando superares o teu exercício.
O dia em que esquecerás tudo e saberás que passaste.
Só temos que decorar uma coisa.
As recordações só são boas quando, sorrimos para as adversidades e sabemos que algures ali, depois destas, estará um bom sorriso numa boa fotografia roubada ao tempo.