Cruzamentos.
Passamos pela rua e normalmente acreditamos que vemos o que nos rodeia.
Observamos.
Cruzamo-nos com faces e andares sabidos.
Cumprimentamos.
Quando é apenas uma cara familiar, esperamos desesperando para ver a reacção da outra pessoa.
Quando não há reciprocidade, desalentamos ou sentimo-nos ofendidos.
...
Cruzar o olhar com um desconhecido tem por vezes efeitos inexplicáveis.
O estômago embrulha-se como se as entranhas ganhassem vida própria.
O pensamento desvia-se sempre nessa direcção e a essência descobre-se...
Decidimos recordar que afinal somos feitos de uma matéria única, que gosta, pensa, odeia, sente e ama... que afinal, vive.
...
Podemo-nos até preocupar com os olhos com que nos cruzámos naquele dia... mas assim e desprovido de qualquer interesse, o pensamento, inocente e atraiçoado, pode voltar a engolir as vísceras...
...
Descobre-se um afastamento involuntário.
Vomita-se um comentário desafogado, explora-se a violência mas... no nosso íntimo...
não gostamos de ver sofrer.
A dor choca-nos e derrota os laivos de alegria, retira-nos a sobriedade de pensar.
Por vezes sobrepõe-se ao carpe diem que nos leva a atravessar uma manhã após a outra... mostrando o nosso sorriso parcimonioso.
Afoga-nos o pensamento e a necessidade de não querer ver sofrer...
O choque de um olhar, híbrido na capa de uma revista... na televisão ou no jornal...
...
Uma criança que não sabemos o nome e que descansa no colo do seu pai, sem vida.
...
Derrota-nos e esclarece-nos.
Mostra-nos o mundo... esquece-nos no meio das futilidades da vivência urbana.
Esclarece-nos o que os cruzamentos são.
27 de janeiro de 2005
Provavelmente zudan à(s) 1/27/2005 04:37:00 da tarde 1 comentários
24 de janeiro de 2005
O circo da campanha voltou...
Ah e coiso e tal e o camandro...
Ah e já dizia o picanço...
E o outro é que fez... mas assim é que é....
...
Facto.
O PIB deste quintal tem vindo a cair desde 1973.
...
Facto.
O investimento privado está a fugir para outro lado.
...
Facto.
A população activa está a diminuir.
...
Facto.
O orçamento está sobrecarregado e recorre-se a receitas extraordinárias, para (tentar) equilibrá-lo.
...
Facto.
Quem paga impostos é quem não tem contabilista.
...
Facto.
A qualidade dos políticos caiu a pique nos últimos vinte anos.
...
Facto.
Para alguns a frase “espírito de missão”, é sinónimo de "enriquecer antes dos quarenta".
...
Facto.
Pela primeira vez, acho que coiso e tal e o camandro, e vou para a abstenção porque até me dizem que sim senhor, e coiso.
Merecem.
A democracia não, mas coiso e pronto.
Sr. Político:
Se teve algum tempo, no meio das suas dissertações altamente elucidativas, ( sobre a sua incapacidade para tirar o País de onde se encontra) para consultar um local na net, que até... pronto... sim senhor, tem até ao dia 19 para me convencer.
Caso contrário... prontos.
Provavelmente zudan à(s) 1/24/2005 05:11:00 da tarde 2 comentários
18 de janeiro de 2005
Burocrata
do Fr. bureaucrate
s. 2 gén.,
funcionário público, em especial o funcionário do Estado que segue impreterivelmente os formalismos de secretaria;
o que faz parte da burocracia.
Funcional
do Lat. functione, função
adj. 2 gén.,
relativo a uma função ou um conjunto de funções (de um organismo, de um maquinismo, de uma instituição, etc.);
prático;
que se usa facilmente;
cómodo;
pronto para entrar em funcionamento;
Eficiente
do Lat. efficiente
adj. 2 gén.,
eficaz;
agente de acção;
que produz realmente um efeito;
Incompatível
do Lat. *incompatibile
adj. 2 gén.,
que não é compatível;
que se não pode harmonizar ou acumular;
inconciliável.
Está nos livros porra.
Provavelmente zudan à(s) 1/18/2005 09:59:00 da manhã 0 comentários
10 de janeiro de 2005
Engraçado.
Pensei que um dia mudaria o mundo... sonharia a meu belo prazer com as desgraças resolvidas e revolvidas nos espíritos menos imponentes.
A frase “ não deixes que ninguém venha a ti sem sair melhor e mais feliz” foi a minha contenda.
Naquele mundo de super heróis e pensamentos corajosos, gania-se pela raiva provocada pela injustiça.
Naquele mundo não se estava sentado, embrenhado entre o choro e o desespero de quem precisava... de ajuda.
Naquela guerra, ficaria desperto, empregaria termos de alegria ao invés da angústia que me atormenta... e o nada não seria a palavra dos pesadelos.
O nada pertenceria à terra dos sonhos... tal qual como aquele homem cantava naquela telefonia, afogado numa garrafa de qualquer coisa.
Engraçado.
Esperei, que um dia fosse mais um... da parte apta e que movimenta a roda. Que tentasse transmitir algo e... que não fosse apenas... mais um....
Sonhava em ser o contentamento daquelas gargalhadas inconsoláveis... e que elas não bradassem ao seu dono... pois de tamanha inocência, sabia que era apenas... assim.
Era como cuspir as palavras para uma folha.
Necessitam de ser expelidas. A caneta dá-lhes forma e a folha entranha-as... bem ou mal. São assim. Puras. Cuspidas.
Naquele campo de esperança, apenas se queria crescer. Desejava-se a altura e a vontade. Jurava-se a sangue que não desencardia. Sangue com cor de terra e cheiro de sal.
Engraçado.
Como o presente gritou pelo passado do sonho, e aquele argumento de um qualquer filme de segunda categoria, me desloca de novo para a idade onde pensei que mudaria o mundo... e sonharia a meu belo prazer.
Aquele pequeno vilão das nêsperas, sonhava um amanhã para outros tantos pequenos vilões... de nêsperas.
A meninice nunca tocariam na marginalidade.
Nenhum ficava para trás. Nenhum era apanhado sozinho.
...
- Fujam malta, vêm aí o homem...- gritava o vigia do alto da parede esfolada e esbatida pelo sol.
De dedos lívidos e joelhos rasgados do cal das paredes, esgatinhavam os muros, e corriam com um sorriso nos lábios e as camisolas mascaradas de sacos... cheias de nêsperas.
Era o gozo da apanha. De contenda em contenda iam-se despindo as árvores nespereiras do "velho da casa";
O gozo da corrida à frente de alguém que até sorria com os cachos de putos pendurados nas àrvores...
Acho que chegamos a ser observados do interior daquela oitava quadrícula de vidro partida... sei que ele esteve lá.
Mas nunca lhe cheguei a saber o nome.
Mas que eram boas, ... as nêsperas, lá isso eram.
...
Engraçado.
Hoje, apenas conto os capítulos, sem saber quando o epílogo virá.
E espero que a história se imobilize. Mal extinta. Mal contada. Antes que a raiva me esventre e a solidão me acompanhe.
Sou o bafejar de um episódio que ainda não sei porque não acabou... daquele livro desorganizado e por escrever.
...
Os vilões de nêsperas, esses...
Engraçado.
... ainda estão à espera para crescer.
Provavelmente zudan à(s) 1/10/2005 08:16:00 da tarde 2 comentários
8 de janeiro de 2005
Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhai-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo) e
cloreto de sódio.
António Gedeão
Provavelmente zudan à(s) 1/08/2005 08:07:00 da tarde 0 comentários
2 de janeiro de 2005
Começou.
Como em todos os preâmbulos, a esperança e os sonhos estão em estado puro.
O leitor, no caso de um livro, ainda devora as palavras esperando o assombro e o superior.
Não sei se será desculpa ou uma forma de nos convencermos que devemos tentar outra vez... e mais outra... e mais outra.... ou apenas uma conformação de que somos feitos daquela matéria inesgotável, que até renasce das cinzas com a facilidade da fénix.
...
A capacidade de reconstrução está embutida na nossa matéria.
...
Mais um início.
Contra todas as adversidades.
Que a fé seja o guia do nosso batel.
Mais do que um bom ano, uns excelentes 365 dias.
Provavelmente zudan à(s) 1/02/2005 02:49:00 da tarde 1 comentários