27 de dezembro de 2004

Kamala, Patong, Karon, Nui, Kata, Kata Noi.

Ao primeiro olhar, parecem nomes tirados de uma qualquer banda desenhada japonesa, tipo hentai, onde os super heróis tem faces parecidas com a Heidi e demoram uma eternidade a efectuar um gesto aparentemente simples.
Não são.
São o nome de algumas das incontáveis praias da outrora paradisíaca e desnoitada Ilha de Phuket situada na Amazing Thailand.
Banhada pelo mar de Andaman e de costas para o golfo da Tailândia, esta ilha saltou para a ribalta, zangada com Banguecoque e fazendo de encruzilhada para as culturas dominantes e colonizadoras, Portugal incluído.
Escrevo sobre Phuket, como poderia escrever sobre qualquer outra ilha ou país desta região do globo, e até porque Phuket não tem nada que ver com a ilha do Farol ou de Tavira, e ainda não escrevi sobre estas.
Não é um paraíso tipo
Phuket está para as Ko Phi-Phi, sobejamente divulgadas e inflacionadas com o filme “A Praia” de Danny Boyle, como Quarteira para as Berlengas. Nada a ver.
Mas hoje escrevo de Phuket.
A Ko Phuket, onde se vendem massagens e fruta fresca em troca de alguns bath, e onde o dia nasce às catorze horas, fruto daquela noite rocambolesca maquiada com alguns traços de surrealismo.
...
Hoje vi uma paragem.
O posto de Polícia na praia de Patong a ser engolido por um prédio de água.
Incontrolável, desmesurado e arrasador.
Recordo-me de estar meio sentado, meio de cócoras, num lancil de cimento perto daquele posto de polícia. De observar um rapaz imberbe, aparentando cerca de quinze anos, barba asiática dispersa, alardeando um revólver cromado chegado a uma farda não menos espampanante... e de passar por mim uma onda.
Uma onda... não de água, mas de uma qualquer mistura de pânico e compreensão.
Parei neste passeio, de cócoras, e pensei durante breves instantes na nossa incapacidade alienígena, tipo, sintoma “Expresso da meia noite” versão Kafka.
Era da viagem.
Tinha vindo de Kuala Lumpur de autocarro. Desnoitado, tive a certeza que era da viagem.
...
Na incapacidade. Aquelas ruas por onde passei, incapacitadas.
Canais de uma torrente de lama e sangue, onde antes o cheiro a esgoto e a protector solar, juntamente com os brados dos vendedores de relógios contrafeitos, serviam de chamariz para um viajante... incapaz.
Corpos estendidos nas praias, não de imensas almas ébrias mas de corpos de desprovidos de vida.
Chocou-me mais Phuket, que tudo o resto que contornou o maremoto na Ásia. Confesso.
...
A ver se será um acordar do Irão.
Alguém parece estar a chamar a atenção da humanidade para qualquer coisa...`
Humanidade incapaz...

1 comentários:

Anónimo disse...

Lindo.