16 de junho de 2004

De novo.
Achei que era um dever.
Recebi este poema há quase dois anos.
Acho que é um hino à Honra.
Ao gostar.
Ao respeitar.
Gostei.
É uma boa opinião.
É um bom elogio. Obrigado.



Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.


“No Tempo Dividido e Mar Novo”, Sophia de Mello Breyner Andresen, 1985, p. 79

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